Após quase 3 anos, PM que matou Leandro Lo vai a júri; acusação e defesa usarão vídeos com IA e animação durante julgamento
Família de Leandro Lo faz usa IA para simular como policial militar matou lutador em SP Quase três anos depois de balear e matar o lutador Leandro Lo, após d...

Família de Leandro Lo faz usa IA para simular como policial militar matou lutador em SP Quase três anos depois de balear e matar o lutador Leandro Lo, após discussão e briga numa balada em São Paulo, o policial militar Henrique Velozo será julgado nesta terça-feira (5) pelo assassinato do campeão mundial de jiu-jítsu. O julgamento está marcado para começar às 10h no plenário 7 do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital. A previsão é a de que o júri popular se encerre na quarta-feira (7), segundo o Tribunal de Justiça (TJ). ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Tanto a acusação quanto a defesa querem mostrar aos jurados vídeos feitos, respectivamente, por Inteligência Artificial (IA) e animação com suas versões para o que ocorreu (veja acima e saiba mais abaixo). Os filmes seriam anexados ao processo do caso. Onze testemunhas foram arroladas pelas partes para serem ouvidas. O réu também será interrogado. O júri depois decidirá se condena ou absolve o acusado. A sentença será dada pelo juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri. Henrique Velozo está preso preventivamente pelo crime. Ele será julgado por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo torpe, perigo comum (ter colocado outras pessoas em risco) e recurso que dificultou a defesa da vítima. A expectativa da Promotoria é que ele seja condenado a pelo menos 20 anos de prisão, em razão das três qualificadoras do crime. O promotor João Carlos Calsavara será o representante do Ministério Público (MP) no julgamento. "Vou pedir a condenação com todas as qualificadoras possíveis", falou Calsarava ao g1. "É um crime abjeto, covarde, cruel, onde a vítima foi sempre provocada. A vítima nem sabia que o acusado estava dentro daquele local e armado". Segundo a defesa de Henrique, o PM, que estava sem uniforme e de folga, alega que atirou para se defender de Leandro Lo. O disparo atingiu a cabeça da vítima, que chegou a ser socorrida e levada para um hospital, onde morreu. O lutador tinha 33 anos. O policial fugiu depois do crime e foi preso depois. IA da acusação Família de Leandro Lo usa inteligência artificial para mostrar versão de amigos sobre o crime que matou o lutador, em 2022. Reprodução/Instagram O caso ocorreu em 7 de agosto de 2022 durante show de pagode do grupo Pixote no Clube Sírio, na Zona Sul. O vídeo com a IA feito pelos advogados assistentes de acusação mostra o PM, que estava à paisana, discutindo com Leandro, que estava no lugar a lazer. Em seguida, o lutador imobiliza Henrique com um golpe de luta. Após se afastar, o PM saca a arma e atira em Leandro. Depois se aproxima e chuta a cabeça da vítima, que está caída no chão. E foge, se escondendo numa casa de prostituição, onde ficou bebendo até se entregar à polícia. Esse vídeo com IA foi publicado nesta semana por familiares de Leandro em redes sociais no Instagram (veja acima). Apesar de o Sírio ter câmeras de segurança, nenhuma delas gravou o crime. Laudo da perícia tem fotos da reconstituição do caso (feita a partir de depoimentos de testemunhas - o réu não participou dela) e um croqui 3D (da balada). Animação da defesa PM que matou Leandro Lo disse que foi provocado e levou golpe de lutador antes de atirar Entre os vídeos produzidos pela defesa do réu, seus advogados também fizeram uma animação que mostra Leandro provocando e agredindo Henrique dentro da balada. Em seguida, o lutador agrediu o PM, derrubando-o no chão. No vídeo também publicado nas redes sociais, o próprio PM afirma que o lutador teria lhe aplicado um golpe chamado de "baiana". Na sequência, Leandro imobiliza o policial com um "mata-leão" até o tenente perder a consciência (veja vídeo acima). Henrique também conta que, na sequência, ele se levantou e pediu para Leandro parar. Mas o lutador avançou na direção do policial, que sacou a arma como advertência. Nisso, um dos cinco amigos do lutador tentou tirar a arma da mão do agente, e ela disparou, atingindo Leandro. Essa animação com a versão da defesa também tem sido divulgada publicamente por seus advogados nas redes sociais. Defesa do PM Henrique Velozo também produz animação gráfica para mostrar motivo do assassinato de Leandro Lo. Reprodução/Instagram O que dizem os advogados O advogado Claudio Dalledone, que defende Henrique, disse ao g1 que vai quer usar a animação produzida por computação gráfica no julgamento, assim como "quaisquer outros recursos tecnológicos que possibilitem elucidar o caso aos jurados". “Nesses três anos, a família do lutador deu a versão deles sobre o crime. Nós temos provas robustas no processo de que o meu cliente foi provocado e que Leandro Lo sempre arrumava confusões em boates e casas noturnas", afirmou. "O julgamento será a oportunidade de nós mostrarmos que a verdade é que o tenente Velozo foi atacado primeiro, imobilizado e chegou a perder a consciência com o mata-leão que foi aplicado no meio da festa, como mostra a animação digital que nós preparamos para usar no julgamento." “Meu cliente agiu em legítima defesa das agressões, e a verdade vai ser restabelecida. Até aqui, só a família falou a versão dela. O processo estava em segredo de Justiça e, por ocasião do julgamento, não está mais. É a oportunidade de mostrarmos o que dizem as testemunhas e os vídeos que nós conseguimos do comportamento do lutador”, declarou Dalledone, que pretende mostrar ainda vídeos que mostram Leandro brigando com outras pessoas fora de torneios de jiu-jítsu. No julgamento, o promotor João Calsavara terá os advogados Adriano Salles Vanni, Julia Mariz, Cecilia Souza, William Carmona e Roselle Adriane Soglio - contratados pela família de Leandro como assistentes da acusação. O g1 procurou eles para comentar o assunto, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Adiamento em maio O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, preso por ter matado o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, em agosto de 2022. Reprodução/Instagram O julgamento do PM que matou Leandro estava previsto para maio de 2025, mas foi adiado depois que os advogados do policial alegaram cerceamento de defesa e conseguiram uma liminar para adiar o júri. Em junho deste ano, o Tribunal de Justiça Militar (TJM) decidiu que Henrique deveria perder o posto de trabalho e a patente de tenente. À época, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que iria acatar a decisão. Procurada nesta semana, a pasta informou que "até o momento, não houve publicação oficial sobre a perda de posto e patente." De cordo com a defesa de Henrique, ele ainda continua recebendo o salário de R$ 10 mil da corporação, em razão de o processo que corre na Justiça Militar não ter sido encerrado. Trajetória Saiba quem é o lutador Leandro Lo, baleado na cabeça após discussão em SP Leandro Lo foi campeão mundial de jiu-jítsu por oito vezes. A última conquista, na categoria meio-pesado, foi em 2022, a primeira em 2012, na categoria peso-leve. Nas redes sociais, ele narra os dois títulos como “as duas conquistas mais importante da carreira”. “O primeiro [título] é a sensação de conseguir ser campeão mundial, esse foi eu ainda consigo ser campeão mundial, as duas melhores sensações da minha vida. Obrigado todos que estão sempre comigo na alegria na tristeza!”, disse ele numa postagem nas redes sociais dois meses atrás, quando relembrou o aniversário das conquistas mundiais. Campeão mundial de jiu-jítsu, Leandro Lo é baleado na cabeça em São Paulo LEIA MAIS: PM suspeito de atirar e matar campeão mundial de jiu-jítsu é preso após decisão da Justiça CARREIRA: Veja quem é Leandro Lo, o lutador oito vezes campeão mundial DEPOIMENTO: Mãe de Leandro Lo diz que PM que matou seu filho também era do jiu-jítsu, conhecia o atleta e provocou a confusão em show Familia de Leandro Lo cria animação em inteligência artificial (IA) para mostrar como foi o crime contra o lutador, a partir de perspectiva dos amigos que o acompanhavam na noite do crime, em agosto de 2022. Montagem/g1/Reprodução/Instagram .