Polícia investiga homem por cobrar aluguel irregular de quem já havia comprado terreno em Guarulhos
Casas saqueadas, ameaças e extorsão: moradores de bairro em Guarulhos convivem sob medo e tensão. Reprodução A Polícia Civil de São Paulo investiga um ho...
Casas saqueadas, ameaças e extorsão: moradores de bairro em Guarulhos convivem sob medo e tensão. Reprodução A Polícia Civil de São Paulo investiga um homem suspeito de cobrar aluguel de famílias que já haviam comprado seus terrenos em Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo as apurações, ele dizia que os terrenos pertenciam a ele e usava ameaças, agressões e até incêndios para expulsar quem se recusasse a pagar o "aluguel" ou a sair do local. Mais de 100 boletins de ocorrência foram registrados contra eles por extorsão qualificada e associação criminosa. Segundo a Polícia, Ricardo Juliano de Moura também é investigado pelo crime de parcelamento irregular do solo urbano. O artigo 50 dessa lei tipifica como crime loteamentos ou desmembramentos irregulares ou clandestinos. Uma moradora chegou a ser impedida de entrar no imóvel que ela mesma construiu há um ano e descobriu que ela teria sido “jurada de morte”, por um aviso no muro da casa. “São famílias humildes, que compraram o sonho da casa própria e hoje vivem um pesadelo. Estão sendo ameaçadas, humilhadas e coagidas por alguém que se diz dono de um condomínio, mas que, ao que tudo indica, age completamente fora da lei”, afirma o vereador Delegado Mesquita (Republicanos). Veja os vídeos que estão em alta no g1 Ricardo era quem administrava um loteamento irregular, localizado no bairro Parque Mikail, Guarulhos, onde imóveis eram vendidos. Segundo a polícia, ele controlava o fornecimento de água e energia das casas e teria montado uma espécie de "milícia particular", que impedia os vizinhos de se comunicarem entre si. Quem desobedecia, sofria represálias — entre elas, corte dos serviços básicos ou invasão dos imóveis. O esquema começava com um anúncio da venda de um imóvel. A pessoa entrava em contato e era informada que o local estava em litígio judicial —ou seja, um conflito entre duas ou mais partes que não pode ser resolvido amigavelmente— mas, na verdade, era uma área invadida. Em um dos boletins registrados, uma mulher contou que em agosto viu um anúncio de venda. Interessada, entrou em contato e foi atendida por um homem. Então, ele a informou que o terreno pertencia ao falecido pai e a negociação deveria ser feita por meio de uma outra pessoa —identificada como funcionária de uma imobiliária chamada Ponto Certo. Segundo o b.o., a vítima foi informada de que o imóvel tinha parcelas em aberto e por isso o contato seria através desta funcionária. Para confirmar o trâmite, a compra só poderia ser concluída mediante o pagamento de R$ 16 mil, valor que deveria ser transferido via PIX para o CNPJ da empresa. A funcionária da imobiliária então chegou a apresentar um contrato de compra e venda, mas a vítima, desconfiada, optou por não assiná-lo. Ao tentar reaver o dinheiro, a funcionária recomendava que a vítima procurasse por Ricardo. Ele então chegou a prometer a devolução do valor em duas datas diferentes — 4 e 10 de setembro de 2025 —, mas nenhuma das promessas foi cumprida. No início de outubro, um morador do Parque Mikail foi à tribuna da Câmara Municipal de Guarulhos denunciar as inúmeras extorsões que há cerca de dez anos assombra quem mora no bairro, gerando um clima de medo e intimidação. Expulsa a tiros Outra vítima, de 60 anos, contou que precisou abandonar a casa onde vivia com o filho, de 42, que tem Síndrome de Down, após ter o imóvel alvo de disparos. “Ele atirou três vezes contra a minha casa. Uma das balas atingiu o tambor de água, outra acertou a janela do quarto da minha filha. Quase a matou”, relatou. As denúncias chegaram ao vereador e delegado da Polícia Civil Gustavo Mesquita (Republicanos), que foi até o local acompanhado de equipes policiais e encontrou o suspeito. Segundo Mesquita, Moura atuava por meio de várias empresas e usava as atividades para mascarar fraudes imobiliárias e crimes ambientais. “Ele próprio mantinha uma milícia particular, controlava e monitorava a vida das pessoas e todo o loteamento”, afirmou o delegado. O g1 tenta contato da defesa de Ricardo. O que diz a SSP "Os casos são investigados pela Delegacia de Investigações sobre Crimes contra o Meio Ambiente (DICCMA) de Guarulhos. A prisão temporária de um dos investigados foi convertida em preventiva, e seu irmão também teve a prisão preventiva decretada. Ambos foram denunciados pelo Ministério Público pelos crimes de extorsão qualificada e associação criminosa." *Sob supervisão de Cíntia Acayaba